
A reforma tributária é um dos temas mais discutidos no cenário econômico brasileiro nos últimos anos.
O objetivo principal é simplificar o sistema atual, considerado complexo e oneroso, ao substituir uma série de tributos federais, estaduais e municipais por um modelo mais moderno e alinhado com práticas internacionais.
Mas a grande pergunta que surge é: como essas mudanças vão impactar a indústria, um dos setores mais relevantes da economia brasileira e também um dos mais prejudicados pela carga tributária atual?
Neste artigo da Five Consultant Contabilidade, você vai entender os principais pontos da reforma, o que muda na tributação da indústria e quais os desafios e oportunidades para o setor
Panorama atual da tributação da indústria
Hoje, a indústria convive com um sistema tributário fragmentado e de difícil gestão. Entre os principais impostos e contribuições incidentes sobre a produção estão:
- IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): De competência federal, incide sobre produtos industrializados.
- ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): De competência estadual, com alíquotas que variam conforme o estado e o produto.
- PIS e Cofins: Contribuições federais que incidem sobre o faturamento, com regimes cumulativo e não cumulativo.
- ISS (Imposto Sobre Serviços): De competência municipal, relevante quando a indústria presta serviços específicos.
Esse conjunto de tributos gera uma série de problemas:
- Cumulatividade de impostos, que aumenta artificialmente o preço final dos produtos;
- Complexidade na apuração e no cumprimento das obrigações acessórias, exigindo forte aparato contábil e fiscal;
- Guerra fiscal entre estados, em função dos benefícios de ICMS;
- Insegurança jurídica, já que interpretações diferentes levam a frequentes disputas judiciais.
Não é exagero dizer que, atualmente, a indústria brasileira compete em desvantagem tanto no mercado interno quanto no cenário internacional devido à elevada carga tributária.
O que muda com a reforma tributária?
A proposta da reforma tributária prevê a unificação de tributos em um modelo de IVA (Imposto sobre Valor Adicionado), prática já adotada em diversos países.
No Brasil, ele será dividido em duas frentes:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): De competência federal, substituindo PIS, Cofins e IPI.
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): De competência compartilhada entre estados e municípios, substituindo ICMS e ISS.
Além disso, haverá um Imposto Seletivo, aplicado a produtos que geram impacto negativo à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.
Principais mudanças que afetam a indústria:
- Fim da cumulatividade: O crédito tributário passa a ser garantido em todas as etapas da cadeia, reduzindo o efeito cascata.
- Unificação das regras: CBS e IBS terão legislação uniforme, eliminando divergências de ICMS entre estados.
- Tributação no destino: Os tributos serão cobrados no local de consumo, e não de origem, reduzindo a guerra fiscal.
- Transição gradual: Haverá um período de adaptação, previsto para até 2033, com redução progressiva dos tributos antigos.
Impactos positivos para a indústria
Apesar das dúvidas e resistências iniciais, a reforma traz diversos potenciais benefícios para a indústria:
1.Redução da cumulatividade: Hoje, muitos insumos acabam sofrendo bitributação, pois nem sempre geram crédito fiscal. Com o IVA, todo imposto pago em etapas anteriores poderá ser compensado, reduzindo o custo de produção.
2.Maior competitividade: A indústria nacional terá condições mais justas de competir com produtos importados, já que o sistema simplificado reduz distorções tributárias.
3.Simplificação tributária: O setor industrial, que lida com grande variedade de produtos e tributações, terá uma rotina contábil mais simples, com menos declarações e regras unificadas.
4.Segurança jurídica: Com regras padronizadas e claras, a indústria tende a reduzir disputas judiciais e interpretações divergentes.
5.Estímulo a investimentos: A previsibilidade tributária é um fator essencial para atrair novos investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros, especialmente em setores de base como automotivo, siderúrgico, químico e têxtil.
Impactos negativos e desafios
Por outro lado, a reforma também traz desafios e riscos para a indústria, que precisam ser considerados:
1.Aumento da alíquota efetiva: Para manter a carga tributária estável, a alíquota do novo IVA pode ser elevada. Há estimativas de que ela fique entre 25% e 27%, o que preocupa segmentos industriais com margens menores.
2.Setores mais afetados: Indústrias de bens de consumo populares, que não terão benefícios fiscais significativos, podem sentir maior pressão sobre custos e preços.
3.Transição complexa: Apesar de prevista, a fase de transição exigirá adaptação tecnológica e contábil para conviver com dois sistemas em paralelo (o antigo e o novo).
4.Fim de benefícios fiscais estaduais: Muitos estados utilizam a concessão de incentivos de ICMS como estratégia de atração de indústrias. Com a tributação no destino, esses benefícios perderão força, exigindo que empresas reavaliem sua estratégia de localização.
5.Setores específicos com mais tributação: Produtos como bebidas, cigarros e itens considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente pagarão o Imposto Seletivo, o que pode aumentar o custo final ao consumidor.
Como a indústria deve se preparar?
Diante desse cenário, não basta esperar a implementação da reforma. As empresas industriais precisam se preparar desde já.
- Revisão do planejamento tributário
É fundamental simular os impactos da nova tributação no faturamento e nos custos de produção.
- Adequação de sistemas contábeis e fiscais
A transição exigirá que os sistemas ERP e softwares fiscais sejam adaptados para atender às novas regras.
- Gestão eficiente de créditos
A nova sistemática dará ainda mais importância ao controle de créditos tributários, que poderá ser usado como diferencial competitivo.
- Avaliação da cadeia produtiva
Empresas precisam mapear todos os fornecedores e parceiros para entender como os custos serão impactados em cada elo da cadeia.
- Apoio especializado
Contar com uma contabilidade consultiva será essencial para interpretar a legislação, planejar estratégias e evitar riscos de autuações.
Conclusão
A reforma tributária representa uma transformação histórica no sistema fiscal brasileiro e terá profundos impactos na indústria.
Se, por um lado, ela promete simplificação, redução da cumulatividade e maior competitividade, por outro impõe desafios relevantes, como a possibilidade de aumento de carga em determinados segmentos e o fim dos incentivos estaduais.
A boa notícia é que, com planejamento tributário e acompanhamento especializado, a indústria pode não apenas se adaptar, mas aproveitar a reforma como uma oportunidade para crescer e se modernizar.
Na Five Consultant Contabilidade, ajudamos empresas industriais a enfrentar as mudanças tributárias com segurança e eficiência, elaborando estratégias personalizadas que reduzem custos e garantem conformidade legal.
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