Como funciona o Bloco K do Sped Fiscal para indústrias
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A obrigatoriedade do Bloco K do SPED Fiscal é uma das exigências mais desafiadoras para as indústrias brasileiras no contexto da escrituração digital.

Apesar de estar em vigor há alguns anos, muitos empresários e gestores industriais ainda têm dúvidas sobre sua finalidade, exigências e impacto na rotina produtiva.

O Bloco K está inserido na Escrituração Fiscal Digital (EFD ICMS/IPI) e representa um avanço no controle do estoque e da produção por parte do Fisco. Para empresas do setor industrial e atacadista, ele exige organização, precisão e integração entre áreas, sob risco de penalidades e autuações.

Neste artigo, a equipe da Five Consultant Contabilidade explica em detalhes como funciona o Bloco K do Sped Fiscal, quem está obrigado, quais informações devem ser prestadas, os riscos do não cumprimento e como estruturar um bom controle para evitar problemas fiscais.

O que é o Bloco K do Sped Fiscal?

O Bloco K é a parte da EFD ICMS/IPI (Escrituração Fiscal Digital do ICMS e IPI) responsável por registrar de forma digital e detalhada:

  • O controle da produção e do estoque da empresa;

  • Os insumos utilizados no processo produtivo;

  • A quantidade produzida de cada item;

  • O estoque inicial e final de cada período;

  • As movimentações internas de materiais (perdas, transferências, consumo);

  • Informações sobre terceirização de produção.

Esse bloco substitui os antigos livros manuais de produção e controle de estoque, exigindo agora que todas essas informações sejam digitalizadas e enviadas mensalmente por meio do sistema SPED.

Qual o objetivo do Bloco K?

O principal objetivo do Bloco K é aumentar a fiscalização da cadeia produtiva, combatendo fraudes, omissões de receita e desvios de mercadorias.

Com ele, a Receita Estadual e Federal têm acesso a dados detalhados sobre:

  • O que foi produzido;

  • Como foi produzido;

  • Com quais insumos;

  • Quais os saldos e movimentações de estoque;

  • Se há compatibilidade entre a produção e os insumos declarados;

  • Se a tributação está de acordo com a operação.

Dessa forma, o Fisco pode cruzar informações entre empresas da cadeia produtiva e verificar inconsistências que antes passavam despercebidas, como notas fiscais frias, compras sem entrada de estoque, produção maior que os insumos declarados, etc.

Quem está obrigado a entregar o Bloco K?

A obrigatoriedade do Bloco K foi sendo implantada gradualmente, com base no porte da empresa e no CNAE da atividade. Hoje, estão obrigadas a transmitir o Bloco K:

  • Estabelecimentos industriais e equiparados a industriais (inclusive fabricantes sob encomenda);

  • Empresas atacadistas, dependendo da atividade e do faturamento;

  • Empresas enquadradas no Lucro Real ou Lucro Presumido, com faturamento anual acima de R$ 78 milhões (regra válida desde 2017);

  • Empresas do Simples Nacional não são obrigadas, mas devem ficar atentas a eventuais obrigações estaduais.

A obrigatoriedade abrange a entrega dos registros mensais de estoque, produção e insumos utilizados. Além disso, existem exceções específicas para determinados setores, que devem ser verificadas caso a caso com apoio contábil.

O que deve ser informado no Bloco K?

O Bloco K é composto por diversos registros, mas os principais são:

🔹 K200 – Estoque Escriturado

  • Informações do estoque final do mês, por item (matéria-prima, produto acabado, embalagens, etc.);

  • Quantidade em unidade de medida padrão;

  • Itens em poder da empresa ou de terceiros.

🔹 K220 – Outras movimentações internas

  • Lançamentos de consumo de insumos sem relação direta com a produção;

  • Perdas, ajustes, consumo interno.

🔹 K230 – Itens produzidos

  • Quantidade efetivamente produzida de cada item no mês;

  • Local de produção.

🔹 K235 – Insumos consumidos

  • Quantidade de insumos usados na produção declarada no K230;

  • Permite verificar o coeficiente técnico da produção.

🔹 K250 – Industrialização em terceiros

  • Envio de materiais para terceiros;

  • Quantidade retornada com transformação;

  • Saldos em poder de terceiros.

🔹 K255 – Consumo de insumos na industrialização por terceiros

  • Detalhamento dos insumos utilizados pelo terceiro;

  • Crucial para operações terceirizadas.

Essas informações devem estar alinhadas com o controle físico e contábil da empresa, sob pena de inconsistências que podem gerar autuações.

Quais os riscos e penalidades pelo descumprimento?

Empresas que não entregam corretamente o Bloco K ou que informam dados inconsistentes estão sujeitas a diversas penalidades fiscais, como:

  • Multas por omissão ou erro na escrituração;

  • Autuações por falta de recolhimento de ICMS ou outros tributos;

  • Suspensão da Inscrição Estadual;

  • Impedimento de obter certidão negativa de débitos;

  • Dificuldade em participar de licitações ou obter financiamentos;

  • Malha fiscal e cruzamentos eletrônicos com risco de fiscalização.

É importante destacar que os sistemas do Fisco têm capacidade de cruzar automaticamente os dados do Bloco K com outras obrigações (NFe, EFD Contribuições, DCTF, entre outros), o que torna a fiscalização cada vez mais automatizada e eficiente.

Como preparar sua indústria para o Bloco K?

A complexidade do Bloco K exige que as empresas adotem uma gestão integrada entre os setores de produção, estoque, compras, engenharia de produto e contabilidade. Veja as principais medidas:

✅ 1. Mapear os processos produtivos

Tenha documentados os roteiros de produção, com as etapas, insumos utilizados e perdas previstas. Isso facilita o cálculo correto dos coeficientes técnicos exigidos no Bloco K.

✅ 2. Atualizar o cadastro de produtos

  • Defina corretamente as unidades de medida padrão;

  • Classifique os produtos por tipo (acabado, intermediário, matéria-prima, etc.);

  • Identifique produtos sujeitos à industrialização por terceiros.

✅ 3. Implementar ou melhorar o controle de estoque

  • Registre todas as entradas e saídas com precisão;

  • Integre o estoque físico com o sistema ERP ou contábil;

  • Realize inventários regulares e auditorias internas.

✅ 4. Integrar setores internos

A equipe contábil precisa de informações precisas vindas da produção, engenharia, PCP e logística. A falta de comunicação entre áreas é uma das principais causas de erro no Bloco K.

✅ 5. Trabalhar com contabilidade especializada

A Five Consultant Contabilidade oferece suporte completo para a escrituração do Bloco K, com apoio na:

  • Implementação do sistema de controle;

  • Capacitação da equipe interna;

  • Validação de cadastros e processos;

  • Geração e transmissão dos arquivos mensais.

Bloco K e sigilo industrial: devo me preocupar?

Uma dúvida comum entre industriais é se o Bloco K viola segredos de produção ou informações estratégicas. De fato, o detalhamento exigido pode expor parte dos processos, mas a Receita garante que os dados enviados são protegidos por sigilo fiscal e usados apenas para fins de fiscalização tributária.

Ainda assim, empresas com processos industriais altamente sensíveis devem avaliar com sua contabilidade a melhor forma de declarar os dados exigidos, sem comprometer informações confidenciais, sempre dentro dos limites legais.

Conclusão

O Bloco K do Sped Fiscal é um instrumento poderoso de fiscalização do Fisco e, ao mesmo tempo, um grande desafio para as indústrias que ainda não têm um controle de estoque e produção estruturado.

A falta de preparação pode levar a penalidades severas, mas a adoção de um sistema eficiente, com apoio contábil especializado, garante segurança e conformidade fiscal.

Se sua empresa atua na indústria ou comércio atacadista e está obrigada a entregar o Bloco K, conte com a Five Consultant Contabilidade para organizar suas rotinas, validar seus dados e evitar problemas com o Fisco.

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