
Para muitos empreendedores, o termo pró-labore ainda gera dúvidas. Afinal, ele não é exatamente um salário, mas também não deve ser confundido com distribuição de lucros.
Definir corretamente o valor do pró-labore é essencial para manter a saúde financeira do negócio, evitar problemas com o Fisco e garantir que o sócio-administrador seja devidamente remunerado pelo seu trabalho.
Neste artigo da Five Consultant Contabilidade, você vai entender o que é pró-labore, como ele funciona, quais os encargos envolvidos e, principalmente, como definir o valor ideal para a sua empresa.
O que é pró-labore?
O termo “pró-labore” vem do latim e significa “pelo trabalho”. Ou seja, é a remuneração destinada aos sócios que atuam efetivamente na gestão ou operação da empresa.
Diferente dos lucros distribuídos entre os sócios, que são isentos de encargos trabalhistas e previdenciários (quando apurados corretamente), o pró-labore possui obrigatoriedade de contribuição ao INSS e pode incidir IRRF, dependendo do valor.
Em resumo:
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É obrigatório quando há sócio atuante na empresa;
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Tem natureza de remuneração (mas não é salário com carteira assinada);
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Não dá direito ao FGTS, férias ou 13º salário;
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Deve ser registrado na contabilidade e declarado corretamente.
Quem deve receber pró-labore?
Todo sócio que exerce atividade na empresa deve receber pró-labore. Ou seja, se um dos sócios apenas investe capital e não participa da gestão, ele pode apenas receber distribuição de lucros.
Mas se ele estiver envolvido na administração, comercial, produção, gestão de pessoas ou qualquer outra função, o pagamento de pró-labore se torna obrigatório.
Inclusive, o pagamento regular de pró-labore é um indicativo de conformidade fiscal e previdenciária, já que demonstra que o sócio está contribuindo com o INSS.
Quais são os encargos sobre o pró-labore?
Ao definir o valor do pró-labore, é essencial considerar os encargos obrigatórios que incidem sobre ele:
1. INSS (Previdência Social)
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A empresa deve recolher 11% sobre o valor bruto do pró-labore (retido do sócio);
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Também é obrigada a recolher 20% de INSS patronal sobre o valor pago.
Obs.: Empresas do Simples Nacional podem ter tratamento diferenciado quanto ao INSS patronal, dependendo do anexo e da atividade.
2. IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte)
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Incide conforme a tabela progressiva do IRPF.
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A partir de um determinado valor, o sócio pode pagar alíquotas que vão de 7,5% até 27,5%.
3. ISS (em alguns casos)
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Se o sócio prestador de serviços é autônomo sem vínculo societário (ex: clínica com profissionais contratados), pode haver incidência de ISS.
Diferença entre pró-labore, salário e distribuição de lucros
Tipo de rendimento | Quem recebe | Tem INSS? | Tem IRRF? | FGTS? | Pode ser isento de impostos? |
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Pró-labore | Sócio que trabalha na empresa | Sim | Sim | Não | Não |
Salário | Empregado CLT | Sim | Sim | Sim | Não |
Distribuição de lucros | Sócio (trabalhe ou não) | Não | Não | Não | Sim, se feita corretamente |
Enquanto o pró-labore é considerado um pagamento obrigatório para o sócio que atua na empresa, a distribuição de lucros é uma remuneração isenta (quando os lucros estão apurados e escriturados corretamente na contabilidade).
Por isso, muitos empresários utilizam o pró-labore como forma de garantir contribuição previdenciária mínima, e distribuem o restante do valor como lucros, com economia tributária.
Qual o valor mínimo do pró-labore?
A legislação não estabelece um valor fixo para o pró-labore, mas ele deve ser compatível com a função exercida e a realidade do mercado.
No entanto, existe uma referência comumente utilizada: o salário mínimo nacional, atualmente em R$ 1.518,00 (2025).
Entretanto, esse valor costuma ser insuficiente para sócios que exercem cargos de alta responsabilidade ou administração geral, e pode gerar questionamentos por parte da Receita Federal e do INSS, principalmente se houver distribuição significativa de lucros paralelamente.
Recomendação prática: O ideal é que o pró-labore esteja de acordo com os salários de mercado para cargos semelhantes ao que o sócio ocupa dentro da empresa.
Para um diretor, gestor, administrador ou profissional de saúde, por exemplo, pró-labores muito baixos podem ser interpretados como tentativa de evasão fiscal.
Como definir o valor ideal do pró-labore?
A definição do valor ideal depende de uma série de fatores. Veja os principais:
1. Porte da empresa
Empresas pequenas, com faturamento reduzido, podem estabelecer pró-labores mais modestos, desde que respeitem o mínimo legal e a coerência com o mercado.
2. Função exercida pelo sócio
Um sócio que atua na administração, comercial ou produção deve receber um valor proporcional à sua carga de trabalho e responsabilidade.
3. Capacidade financeira da empresa
O pró-labore não pode comprometer o caixa da empresa. O ideal é que ele esteja previsto no planejamento financeiro mensal, assim como o pagamento de impostos e fornecedores.
4. Planejamento tributário
Ao equilibrar pró-labore com distribuição de lucros, o empresário pode reduzir a carga tributária total e ainda manter contribuições à previdência. Por isso, é fundamental fazer esse planejamento com o suporte de um contador.
5. Regime tributário da empresa
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Simples Nacional: O INSS patronal pode estar incluso no DAS, dependendo do anexo.
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Lucro Presumido ou Real: Recolhimento integral de 20% patronal + encargos do IRRF.
Exemplo prático de definição de pró-labore
Imagine um sócio que trabalha na administração da empresa e quer receber R$ 6.000,00 de pró-labore mensal.
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INSS (11%) retido: R$ 660,00
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IRRF: aproximadamente R$ 185,00
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INSS patronal (20%): R$ 1.200,00 (custo da empresa)
Total líquido para o sócio: R$ 5.155,00
Custo total para a empresa: R$ 7.200,00
Agora, se ele definir um pró-labore de R$ 3.000,00 e complementar com distribuição de lucros, pode reduzir os encargos obrigatórios.
Por isso, a estratégia ideal é equilibrar pró-labore e lucros distribuídos, com apoio de um contador.
Qual a frequência e forma de pagamento do pró-labore?
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A frequência é mensal, seguindo um cronograma fixo (como o pagamento de salários);
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O pagamento deve ser feito em conta bancária do sócio, com lançamento na contabilidade;
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O pró-labore deve estar registrado no livro caixa ou sistema contábil, e os encargos pagos por meio de GPS (Guia da Previdência Social) e DARF do IR, quando aplicável.
O que acontece se não pagar pró-labore?
Empresas que possuem sócios atuantes e não pagam pró-labore estão em desconformidade com a legislação e correm riscos como:
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Multas e autuações pela Receita Federal e Previdência;
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Perda de benefícios previdenciários para os sócios (como aposentadoria e auxílio-doença);
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Questionamento da distribuição de lucros isentos — já que a Receita pode exigir que parte desses valores sejam considerados como remuneração.
Portanto, não pagar pró-labore é um erro que pode sair caro.
Conclusão: defina seu pró-labore com inteligência e segurança
O pró-labore é uma obrigação legal e um componente essencial para a organização financeira da sua empresa.
Mais do que apenas uma remuneração, ele impacta diretamente no planejamento tributário, na aposentadoria do sócio e na regularidade do negócio.
Por isso, é fundamental contar com uma contabilidade especializada, que ajude a:
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Calcular corretamente o valor ideal do pró-labore;
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Equilibrar os encargos com a distribuição de lucros;
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Cumprir todas as obrigações legais e evitar autuações.
Na Five Consultant Contabilidade, ajudamos empresários de todos os portes a tomar decisões estratégicas sobre pró-labore, regime tributário e gestão financeira.
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